Almas Vazias
Sozinhos no mar da vida
um porto seguro buscamos
que nos ofereça guarida
para tudo o que sonhamos.
Na alma, o peso da solidão
traduz intensa amargura
que amarrota o coração
ávido de sentir ternura.
E as paredes de um bangalô
são testemunhas silenciosas
de que não dei ouvidos ao alô
de tantas lacunas parcimoniosas.
E fui vivendo longos anos a fio
preenchendo a minha pobre vida
de mil atividades e muito desafio
sublimando a veste desguarnecida.
Até que chegou a triste hora
de palavras arrastadas ao vento
sinalizando o término sem demora
de qualquer ternura ou sentimento.
E desta maneira, decidida a sorte
a visita da solidão se fez chegar
em momentos que desejei a morte
sem mais nada que pudesse me alegrar.
Até que numa delongada tarde fria
em que deitava lágrimas desencantadas
alguem tão solitário de alma vazia,
acenou o recurso das poesias santas.
E assim passo a hora mais tristonha
a entretecer as palavras mensageiras
para que a vida possa parecer risonha
afastando de mim a solidão passageira.
27/02/06
2,25 hs.
Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 07/05/2006
Alterado em 08/05/2006