Toques devassadores

Inês Marucci



Onde começam?

Guida Linhares


I
Massagem perfumada de muitos braços de um abraço,

que cingem, espremem e penetram  as carnes trêmulas,

em volúpia desnorteada de entregas vencendo cansaço,

no labirinto de cavernas, onde montanhas tão singelas,

em esconde-mostra-insinua desnudam até o que penso.


G
E tudo pode começar

simples e terno

como o cair da tarde,

e o poder da noite irá despertar

a volúpia na escuridão.


I
Noite dos breus caídos, janelas indiscretas, de pudor

audacioso, abrem passagem transfigurando devaneios

em loucura que à paixão pertence, em caráter pecador,

que nasceu do Mistério, mas que agora perde os freios,

conduzindo-se por mãos de antenas, a olhos de ardor,


G
Apoderando-se do corpo tardio,

a noite silenciosa

solta os freios da imaginação,

liberando-se os pudores,

afloradas as paixões


I
que  se alimentam de desejos intermitentes e selvagens,

paridos do instinto animal que demarca a área possuída,

com vestígio de fogo sangrado nas garras de dois reféns,

que se entregam com lascívia, vendo reais suas miragens!


G
De um deserto em desencanto,

um oásis se descortina,

são palavras grávidas de desejo,

em  gemidos que buscam

expressão imediata.


I
Mais alucinante que um strip-tease de estrelas cadentes,

deflorando a nossa imaginação absurdamente ilimitada,

deslizam nossos corpos com furor de brasas escaldantes,

em toques que devassam a vontade, o corpo e as mentes,

cansadas de sonharem e clamarem selvagerias delicadas!


G
E no cavalgar das estrelas

explode o céu em chamas,

são almas que se encontram,

como se fosse

a primeira e a ultima vez!