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Labirintos do Tempo
Inês Marucci-SP
Guida Linhares-SP
I
Eu simplesmente, do tempo um pedaço,
partícula insignificante do pleno espaço,
G
vago ansiosa a procura do "nada"
já que o tudo perdi faz tempo
pela minha insensatez quem sabe
I
ou talvez o próprio complexo universo,
cansado e envelhecido no sono fatigante,
G
que já foi "tudo" um dia
e agora não faz sentido
pois um dia perdeu-se a esperança
I
e o entusiasmo cessou e se percebeu
que a noite, tão somente ela, um presente
que adocica a alma, descansa plenamente
G
quedou a mulher que
cansada de guerrear,
entregou as armas e os bastões alucinados....
I
meus passos conquistadores em rumos
perdidos, calando prantos mais íntimos...
G
dispostos a hora do descanso, arfantes em seu pranto,
de raiva, desgosto e desengano....
I
recuperei-me quando a noite selou horas
anciãs e arrastou os sonhos pelas beiras,
corrigiu e expandiu arestas desajustadas!
G
e assim tentei me erguer acima da tristeza,
e ver se na vida valeria a pena,
colher os frutos deste arremedo de amor,
mas que também desaparece aos poucos,
tão frágil é a luzinha que o ilumina.
I
Vou ao encontro do tempo que abre túneis
iluminados, alargando esperança em anéis
juncados intermitentemente nas estradas,
companheiro da peregrinação continuada,
desbravando o espaço eterno desta vida!
G
Mas ainda assim meus caminhos
doridos não me levam a lado algum
tão distante meus passos estão
do meu destino derradeiro.
Talvez seja o sono um grande alivio
para as horas desencantadas sózinha.
I
Este tempo velho fracionado em facetas,
me alcançará lá na frente mudando metas
e juntando pedaços de mim dispersados,
G
pedaços estes que jamais serão os mesmos
porquanto seus cacos ainda ferem
a alma vazia e solitária...
I
lágrimas rolarão do céu em tons brandos
e tal vela muito aberta, meu pensamento,
peregrinará desvairado nas asas do vento,
cúmplice do tempo amigo das horas antigas,
que fiel me esperou e me deu suas cantigas!
G
Cantigas de amor desvelado que
nunca mais serão recuperadas
cantigas de amor que haveriam de ser
se outro coração também quisesse morrer
de tanta ventura vivida
I
Rostos e galhos viris, lutaremos como flores,
brotando no pântano entre espinho e amores,
almas vagantes entre os desencontros casuais,
seremos juntos irmãos com os mesmos sinais,
G
sim irmanadas numa busca frenética
por alcançar a ventura e a felicidade
seguimos em frente a nossa caminhada
I
passeando nos labirintos do tempo majestoso,
infinitamente pleno num paraíso que é nosso,
onde a natureza divina escorre gotas dos céus,
seiva vital que faz noss’alma evoluir e merecer
graças imensas visando sempre nos renascer!
G
Tu segues forte e confiante ao lado
do teu amado constante e eterno.
Eu sigo ainda solitária e triste
a procura de um amor perdido
que há de surgir do nada
e será o tudo em meu resto de jornada.
Inês Marucci
Santos-SP-02/01/2006
Guida Linhares
Santos-SP-11/03/06
Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 11/06/2006