CASTELO DE SONHOS
Guida Linhares
Havia um rei que governava com muita sabedoria e amor, sendo querido pelos seus súditos e admirado pelos seus escritos, sempre refletindo sobre a vida e a natureza e comportamento dos seres humanos. Ele possuía muitas habilidades, mas a principal era despertar o amor nas pessoas, e por onde ele passava era saudado com muita alegria.
Em seu castelo todos eram tratados com dignidade, desde o mais simples serviçal até os seus ministros e ali se podia dizer que reinava a harmonia. Todos estavam imbuídos do propósito de fazer daquele reino o melhor e mais produtivo de toda a região.
Mas o que mais preocupava a todos era o coração do rei. Este havia sofrido um grande revés, perdendo a esposa querida, quando os filhos ainda eram pequenos. E todo o reinado se preocupou em arrumar uma nova esposa, mas ele não foi feliz com ela. A união mal sucedida terminou, e o rei passou a ser pai-mãe dos seus cinco filhos.
Os anos foram passando, o reinado cumprindo as suas metas, e o rei permaneceu sozinho por muitos anos a fio. Preenchia suas horas vagas escrevendo poesias e pequenos textos que distribuía a todos, até mesmo fora de seus domínios e foi ficando cada vez mais conhecido pela sua criatividade e por sempre levar uma mensagem de estímulo e esperança a todos as pessoas.
Contudo quando se recolhia aos seus aposentos, sentia falta de um terno olhar feminino, de uma boca suave a dizer frases amorosas, de um encontro amoroso real e profundo. Ainda sonhava com um novo amor, mas onde ele estaria, como chegaria até ele, quando isso aconteceria?
Numa tarde de sol, olhando pela janela, sentiu vontade de andar pelos campos como uma pessoa comum. Despiu-se de seus trajes reais e colocando roupas simples, saiu escondido do castelo e deliciou-se em olhar as flores do campo, com sua singeleza e colorido e as alegres borboletas em seus volteios.
Percebeu no meio de um canteiro de margaridas, uma mulher deitada e aproximou-se dela perguntando:
- O que fazes linda mulher, olhando para o céu?
Ela respondeu: - Busco a minha inspiração que se foi, perdida pelas decepções que a vida tem me trazido. Não consigo mais escrever, traduzir em palavras, nem mesmo o sentimento do vazio.
Ele estendeu a mão e disse: - Vamos conversar. Ele sentou-se ao lado dela e começou a contar da sua solidão, dos amargores que havia passado e de toda a esperança que trazia em seu coração, de que em tudo havia um sentido, de que a existência valia a pena ser vivida, e que cada coisa que nos acontece sempre serve como uma lição de vida.
Ela o escutou atentamente e respondeu que também sempre pensara assim, mas que não tinha sorte no amor, e que sempre que confiava em alguém, logo se decepcionava por perceber que os sentimentos não eram recíprocos e que as pessoas sempre procuravam prazeres fugazes e não um vínculo amoroso; que ela buscava acima de tudo amar e ser amada por uma única pessoa.
Ele tomou as suas mãos, as beijou e disse:
- Não sei, mas algo me diz que você é uma rainha, ainda sem coroa, mas com um coração real e sangue azul correndo nas veias, pois trazes a dignidade das pessoas que sabem o que querem e vão à luta, ainda que entre espinhos e farpas, mas com muita coragem e valentia.
E quando os olhos se encontraram, os corações bateram mais forte e naquele momento, céu e terra se uniram e os Deuses do Olimpo confraternizaram, pois Cupido havia flechado mais dois corações há muito solitários e buscadores.
O Rei levantou-se e estendendo a mão falou:
- Venha minha Rainha, meu reino agora é teu. Sejamos cúmplices, reais parceiros amorosos, e juntos conquistaremos todas as estrelas do céu e a lua deitará seus raios prateados sobre os nossos corpos enlevados, iluminando as nossas almas. Nossas águas amorosas fluirão placidamente para o Oceano do Amor e seremos felizes para sempre.
Santos/SP - 28/10/09
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Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 22/11/2009