Somos trem & A estaçãozinha & A moça da estaçãozinha pobre
SOMOS TREM...
(Guida Linhares)
Somos o trem que passa
por várias estações!
Numas descemos, noutras não!
Por nossos olhos desfilam
as paisagens que a existência mostra.
Quando o trem desce a encosta!
Às vezes uma fumaça ao longe,
nos faz sentir o cheiro do pão.
De um lar doce lar, quanta emoção!
Pela janela divisamos os montes,
e as tantas coisas que traz a vida.
De longe melhor se avista, a subida ou a descida.
Ao ouvir o longo apito do trem,
o coração desperta em expectativa.
Será hora de descermos da locomotiva?
Será a estação das saudades,
que vem preencher as tantas lembranças,
daqueles que levaram pedaçinhos da esperança?
Ou será a estação hospitaleira,
que nos fará resolutamente descer,
na perspectiva de um precioso renascer?
Santos/SP,16/11/06
***
Dueto em resposta ao poema
A ESTAÇÃOZINHA
(J. Martín)
Por vezes relembro
aquela estaçãozinha.
Eu ficava tanto tempo lá,
vendo os trens passarem...
Uns, brilhantes e rápidos,
altivos e belos.
Outros lentos, intermináveis.
Levavam gado,
levavam mercadorias.
Levavam tanta coisa...
Havia os que também paravam
na pequena estação
e lá se demoravam
para que pudéssemos vê-los,
e até subir neles.
Às vezes, penso que as pessoas
são como aqueles trens da minha infância:
eles andavam pelos seus trilhos
e nós andamos pelo nosso destino.
Uns rápidos, outros lentos,
outros até paravam na estação.
Mas, afinal, todos passavam.
Mas, afinal...
apenas fica a saudade
daqueles que outrora amamos
na nossa efêmera existência.
Madrid/Espanha
http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=4863
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Poema inspiração:
A MOÇA DA ESTAÇÃOZINHA POBRE
(Ribeiro Couto - Poeta santista)
Eu amo aquela estaçãozinha sossegada
Aquela estaçãozinha anónima que existe
Longe, onde faz o trem uma breve parada...
Na casa estação, que é pequena e caiada,
Mora, a se estiolar, uma mozinha triste.
À chegada do trem, semi-ergendo a cortina,
Ela espias por trás da vidraça que a encobre.
Muita gente do trem para fora se inclina
E olha curiosamente o olho da menina,
Tão anónima quanto a estaçãozinha pobre.
O trem parte... Ficou na distancia esquecida,
A estaçãozinha... e a moça triste da janela...
Mas vai comigo uma lembrança dolorida...
Quem sabe se a mulher esperada na vida
Não era aquela da estação, não era quela,
Aquela que ficou lá para trás, perdida?
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Tocata (O Trenzinho do Caipira)"
da "Bachianas Brasileiras nº 2"
Heitor Villa-Lobos
http://www.museuvillalobos.org.br/mvl7.htm
http://www.estacoesferroviarias.com.br/b/braz.htm
Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 19/11/2006
Alterado em 19/11/2006