Canteiro dos girassóis

Desvelando o sol poético.

Textos

Arrogante
ARROGANTE
Guida Linhares


Na minha vã arrogância,
cavei alguns buracos,
fiz até maltratos,
deixei corações à míngua,
cega de amor próprio.

Na arrogância que eu tinha,
não vi teus olhos de amor,
não confiei em ti,
apenas fazia cobranças,
cega de infundados ciúmes.

Tomada pelo orgulho,
irmão gêmeo da arrogância,
não valorizei teu sentimento,
e das minhas incertezas,
fiz um poço de lamentos.

Assim quando a solidão
invadiu meu quarto escuro,
senti falta dos teus carinhos,
dos teus olhos pequeninos,
lançando amorosas faíscas.

Então percebi,
que se atrás eu voltasse,
me despiria plenamente
de toda a arrogância cruel,
ilusória teia de defesa.

E deixaria fluir o amor
no rio da vida plácidamente,
entre os naturais serpenteios,
sentada à margem, olhando as flores,
encantada com a arrogante beleza da natureza.

Santos/SP
11/03/07

Participação no tema da querida amiga poetisa Rivkah Cohen e demais amigos.

****

Entrelace Rivkah Cohen e Pedro Valdoy

R

Por aqui passei

e não estava sozinha..

Nenhuma flor juntei.

Quanta

arrogância a minha!



P

Vagueio indeciso

na floresta dos gnomos

sinto-me só e triste

sem uma flor perdida

sem perder a esperança


R


Hoje

que passo entristecida

noto

o que não olhei

quando devia!


P


Hoje

sinto-me só na solidão

fico no silêncio

meio cego

desejoso de uma nova alegria


R


Tudo que ignorei,

a natureza com primazia,

sem perguntar sobre aquele dia,

mostra-me outra vez..


P


Meus sentimentos

sentem a natureza

interrogando-me na incerteza

onde encontrarei algo de novo...

rivkahcohen
Pedro Valdoy

...*...

Arrogância!
Bernardino Matos

No meu peito a dor caminha,
eu cobro de Deus a vida,
não aceito a partida,
que arrogância a minha.

A descrença em mim se aninha,
tem tanta gente ruim,
e o Senhor escolhe a mim?
que arrogância a minha.

Sentindo a morte vizinha,
vi minha fragilidade,
faltou-me mais humildade,
que arrogância a minha.

Minha mente, então, se alinha,
eu revisei meu passado,
Deus de nada é culpado,
que arrogância a minha.

Da saúde que eu tinha,
não cuidei devidamente,
primeiro a conta corrente,
que arrogância a minha.

Quem ama não espezinha,
a família era o meu tudo,
eu a magoei contudo,
que arrogância a minha.

Aquele galo de rinha,
que parecia valente,
jazia, ali , impotente,
que arrogância a minha.

Cada chance que me vinha,
achava que merecia,
ao talento atribuía,
que arrogância a minha.

Passei a vida inteirinha,
correndo para o futuro,
pra morrer bem mais seguro,
que arrogância a minha.

Centrei o meu esqueminha,
saúde, amor, competência,
houve ineficiência,
que arrogância a minha.

Hoje eu sei que o que tinha,
era o suficiente,
bastava o amor somente,
que arrogância a minha.

Enquanto o corpo definha,
a alma se fortalece,
de ternura se aquece,
que arrogância a minha.

Se Deus comigo caminha,
só importa o presente,
só Dele sou dependente,
que arrogância a minha.

Fortaleza, 10/03/07

Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 13/03/2007
Alterado em 13/03/2007


Comentários



Site do Escritor criado por Recanto das Letras