EUTANÁSIA
Guida Linhares


Ah! este corpo cansado, mas amigo,
fiel soldado de tantas lutas vividas;
esta grossa embalagem que trago comigo,
antes forte e vigorosa, agora está vencida.

Deixem que eu possa partir serena,
para onde os anjos têm as suas moradas.
Nesta cama prisioneira, me sinto pequena.
Minhas funções vitais estão desgarradas.

Ouço as vozes da família amada,
a sussurrar alentos em doces palavras,
sei que me querem ao seu lado, curada,
porém no corpo, a sentença está em lavra.

Como catedral da minha alma inquieta,
esta matéria cumpriu a sua nobre missão,
que talvez nem esteja ainda completa,
refém da eutanásia, está meu coração.

Santos/SP
15/03/07

Participação na ciranda sob o tema Eutanásia/Distanásia, do querido amigo poeta Victor Jerônimo.