Canteiro dos girassóis

Desvelando o sol poético.

Textos

Encontro virtual
Encontro virtual
Guida Linhares


      Era um dia como outro qualquer, mas chovia muito e resolvi ficar em casa. Já havia lido o jornal, e um sentimento de impotência diante de tanta violência e insensatez tomou conta e precisei de um tempo para recuperar a paz de espírito. Coloquei uma música, Gonzaguinha - viver e não ter a vergonha de ser feliz; amar e amar e amar...ser da vida um eterno aprendiz...tão bom ouvir isso. Preparei um chá de melissa com flor de laranjeira (da Otker uma delícia...) e liguei o computador. Afinal navegar causa muito prazer, não só por me levar a escrever, como também a encontrar os amigos virtuais, alguns reais e também os filhos que não estão comigo, e assim o MSN cumpre o papel de agregador e telefone sem tarifa...rsrsrs
       Abri a caixa, baixei os mails, respondi alguns, participei de umas cirandas, mas fui chamada no MSN e atendi, em um dedo de prosa com amiga muito querida, lá das bandas capixabas. A fim de enviar um arquivo, entrei online, pois a versão que uso nem precisa para o bate papo normal, e enquanto isso, uma nova janela se abriu e
um outro encontro virtual me fez aprender uma nova imagem do que seja liberdade.
        Conheço este amigo poeta talentoso há tempos, mas nunca havia conversado com ele, e de repente surge a oportunidade. Passados os momentos iniciais da conversa, ele me falou sobre o seu paraiso particular, o seu quarto onde vive todos os seus momentos e nele encontra liberdade e felicidade.
       Perguntei porque não saia pra passear, e ele me contou que vivia numa cadeira de rodas, e que digitava com apenas um dedo, que era o unico que se movimentava de seu atrofiado corpo, mas que mesmo assim ele fazia a própria barba, munido de uma vareta, acendia e apagava a luz do quarto, e tb conseguia comer sózinho, mas ainda era dependente da mãe idosa em muitas coisas.
      Pois é, nem preciso dizer que me coloquei no lugar dele e senti que eu nem saberia como viver numa situação assim, há quase trinta anos preso a uma cadeira de rodas. Talvez todos os meus valores e sentimentos fossem completamente diferentes do que são, do jeito como sou. Mas ele, um guerreiro lutador me disse com todas as letras, que é feliz dentro do paraiso que construiu ao longo desse tempo, e que nem precisaria de nenhum outro, seja na terra ou no céu e nele se sente liberto. E você amigo(a) recantista, como se sentiria?

Santos/SP - 20/06/07


Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 20/06/2007


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