A libertação
A LIBERTAÇÃO
Guida Linhares
Angelina, mulher simples, sem muitos estudos, apenas aprendera a ler.
Era de um tempo em que as mulheres eram preparadas apenas para casar, terem filhos e serem rainhas do lar.
Talvez nessa época, devido à educação rígida, poucas mulheres se aventuravam fora dos parâmetros e desta forma a maioria se conformava em ter e cuidar de uma família.
Porém Angelina sentia um vazio dentro de si, ainda que cumprindo todas as obrigações familiares.
Era como um grito interno, que a levava a abrir a janela e contemplar o céu estrelado, na esperança de amenizar sua angústia.
Dizia pra si mesma que teria de buscar um atalho que a levasse a uma realização individual mais abrangente.
E foi assim que resolveu ampliar o seu conhecimento com muitas leituras, que fazia na biblioteca pública, sem que os familiares soubessem de suas andanças.
E foi assim que desenvolveu o gosto pela escrita, enviando suas crônicas para um jornal local, até ser convidada a remeter novos textos.
E foi assim que se tornou conhecida, como Angelina Leal, lançando seu primeiro livro, com uma concorrida tarde de autógrafos.
Bem, faltou dizer que ao longo dessa trajetória, os estímulos externos foram muitos, no sentido de que desistisse dessa louca ideia e se dedicasse apenas à família.
Porém ninguém poderia ver o íntimo de Angelina, quebrando a dura casca do preconceito, para nascer iluminado, em uma conquista tão importante, quanto à realização pessoal, ganhando a liberdade de sentir-se completa e feliz.
Santos/SP/Brasil
11/01/25
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