O BANCO E O PÁSSARO
Guida Linhares
E lá estava ele imponente, o banco que ouviu nossas juras de amor eterno.
Molhado pela chuva, mas convidativo.
Ajeitando um plástico, sentei, apreciando a natureza encharcada pela chuva abençoada, com finas gotículas caindo das folhas e flores ao redor.
Eis que de repente, pousa um belo pássaro na ponta do banco, sacudindo suas asas, sem se importar com a nossa presença, inerte diante de tão mágica aparição.
Então, a memória afetiva dos momentos em que meu amado esteve comigo, naquele banco, se fez presente e não pude conter as lágrimas, que acredito sejam a chuva da alma saudosa de um tempo alvissareiro.
Lembrei de tantos momentos felizes, uma vez que, os mais difíceis, o banco não presenciou, que foi a dolorosa separação aos trinta e sete anos de casados.
Eis que subitamente, o pássaro se aproximou mais, e subiu ao meu colo, dissipando as lembranças e me fez compreender que nada na vida acontece por acaso, pois foi depois que fiquei sozinha, que descobri o amor pelas letras, rabiscando versos e trovas, sentada naquele banco.
Senti então, imensa gratidão a Deus, pela natureza, pela chuva e pelo pássaro, pois expurgaram a minha tristeza. Levantei e fui andando!
Olhei para trás e vi um casal se beijando no banco. E não pude deixar de pensar qual magia teria o local, qual seria a missão do banco e seria o pássaro um mensageiro do amor?
Santos/SP/Brasil
06/11/24
#######