FAZ DE CONTA
Guida Linhares
Havia um menino, que desde pequeno, sonhava em fazer muitas coisas.
Filho único de uma família da classe média, logo cedo foi colocado numa escolinha, já que ambos os pais trabalhavam em período integral.
E foi assim, entre as brincadeiras com seus amiguinhos e o carinho das professoras, que o menino desenvolveu o gosto pelo desenho.
Aprendeu também que poderia viver no mundo do faz de conta, onde tudo o que imaginava, poderia acontecer.
Certo dia, uma professora trouxe uma bacia, uma peneira e uma jarra de água e perguntou às crianças o que aconteceria se vertesse a água na peneira.
Ele, cheio de imaginação, respondeu que desceriam muitas lágrimas e as outras crianças riram bastante.
A professora pediu silêncio e perguntou a ele, o porquê das lágrimas.
E na sua percepção diferenciada, ele respondeu que a peneira poderia tanto verter a água quanto as lágrimas que a sua mãe tantas vezes chorava, por deixá-lo o dia todo na escola.
Então ele pegou uma folha de papel e desenhou a peneira com as lágrimas escorrendo e mostrando à professora, disse que o desenho mostrava que nem toda água escorrida da peneira, era desperdiçada.
No desenho essa água era bendita, assim como o choro de sua mãe.
No desenho, continuou o menino, tudo vira um faz de conta à vontade do desenhista.
Nem preciso dizer da veia artística para o desenho e a pintura, quando anos mais tarde, já adulto veio a se tornar um artista talentoso e reconhecido.
E assim o mundo do faz de conta, não só existe na infância, como também acompanha pela vida afora, os amantes das artes em geral, através da imaginação e da criatividade.
Santos/SP/Brasil
07/03/25
Trabalho apresentado na Oficina Literária da Casa das Culturas de Santos.
Inspirado em
Manoel de Barros
O menino que carregava água na peneira.
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