Canteiro dos girassóis

Desvelando o sol poético.

Textos


O GORRO AZUL

Guida Linhares 

 

Sílvio acaba de fazer dezoito anos e ganhou da sua avó um gorro azul, delicadamente tricotado por ela, em suas tardes solitárias. 

Agradeceu o presente mas achou que nunca iria usar. Jogou no fundo do guarda roupa.

As férias escolares de julho chegaram e logo vieram os encontros com amigos, pois Sílvio era bem comunicativo, vaidoso, ciente de suas boas qualidades. 

Então veio o convite para participar de um torneio de remo.

Sílvio achou interessante, apesar do frio reinante.

Procurou a roupa de neopreme, para entrar no mar agasalhado e lembrou do gorro, achando uma boa oportunidade de estreá-lo.

E foi assim que se entregou, junto com os amigos, a remar vigorosamente, para garantir uma chegada triunfal.

Contudo algo ficou perdido no mar: o gorro!

Passou a mão na cabeça e um sentimento de culpa, por ter perdido o presente de sua avó, fez com que a vitória da sua equipe, perdesse um pouco da alegria reinante entre os amigos. 

Voltando para casa, encontrou sua avó tomando chá com sua mãe e muito constrangido relatou a triste perda.

A avó sorriu e respondeu que ele escolhesse a cor do novo gorro, pois ela o faria com muito carinho. Ou poderia ser um par de meias, mais difícil de ser perdido.

Ah! As doces avós! Verdadeiras mães com açúcar!

Sílvio abraçou a avó, sussurrando ao seu ouvido:

Prefiro as meias! 

Te amo demais!

 

Santos/SP/Brasil 

17/07/25

 

Temas para o encontro da Sociedade dos Poetas Vivos: Férias - Gorro - Remo.

 

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Guida Linhares
Enviado por Guida Linhares em 18/07/2025


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